segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Luciano Huck, sim, merece aplausos

Qualquer pessoa tem o direito de dar sua opinião sobre política, assim como defender ou apoiar um partido ou político. Uma pessoa pública deve tomar cuidado ao fazer isso, pois ao apoiar um político pode interferir na escolha do seu fã/eleitor. Quando isso ocorre, ele passa a ser cobrado, talvez tanto como o político eleito, por qualquer denúncia de corrupção, como se fosse ele o acusado.

Luciano Huck, na eleição presidencial em 2014, declarou apoio a Aécio Neves. Veio então a derrota tucana, Aécio como principal nome da oposição, o processo de impeachment, e então, as delações. Para quem tanto batia no governo petista, ser acusado dos mesmos crimes foi um verdadeiro nocaute.

Ainda em 2014, no começo da Lava Jato, milhares (milhões?) de brasileiros colaram adesivos em seus carros e usaram camisetas, em protestos contra o governo de Dilma Rousseff, com a frase "A culpa não é minha, eu votei no Aécio". De repente, esses adesivos sumiram, Aécio e a turma do PSDB passou a ser vaiada em protestos anti-PT, e o papel de Aécio como liderança da oposição, e principalmente, como favorito para 2018, ficava para trás.

Mas isso é outra história. Vamos voltar ao Luciano Huck. Quando o apresentador global apoiou o tucano, levou muitos eleitores indecisos que o admiravam a votar em Aécio, assim como ganhou a antipatia dos eleitores contrários ao senador de Minas Gerais. As denúncias e delações fizeram tanto a antipatia aumentar como os eleitores indecisos se sentirem traídos.

Luciano Huck, nesse domingo (07/08/2016), foi vaiado por parte do ginásio do Maracanãzinho, neste domingo (7), durante a vitória da seleção brasileira masculina de vôlei sobre o México na Olimpíada do Rio (link da matéria em http://bit.ly/2aFNxNu). No intervalo do primeiro para o segundo set, Huck apareceu no telão do ginásio ao ser entrevistado por uma repórter da organização responsável por animar o público dos Jogos, e então as vaias foram ouvidas.

"Ginásio é ginásio. Foi uma parte. Acho que tem a ver com a situação que o país passa", disse ele à Folha de São Paulo. 

Mas o que merece destaque foi o momento em que, questionado se seu posicionamento político pode ter influenciado o público, Huck concordou. Por mais que uma atitude como essa passe desapercebida, ela tem um grande valor simbólico. Se o apresentador reconheceu que o apoio ao tucano pode ter causado as vaias, falta uma reflexão como essa para a imprensa tradicional (TV Globo, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo, Veja) perceber que quanto mais tomam partido em defesa a um bloco ou ataque a outro só será prejudicada e terá sua relação com parte da sociedade brasileira cada vez mais afetada.

Luciano Huck merece aplausos por reconhecer o óbvio, mas esse mesmo óbvio, seja pelo motivo que for, ainda não foi reconhecido pela imprensa brasileira.

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